quarta-feira, 5 de maio de 2010

A política da boa vizinha dos EUA






Na Segunda Grande Guerra, os EUA ficam praticamente isolados de seus antigos parceiros comerciais da Ásia e Europa. A guerra se alastrava no mundo, e além do mais, os EUA precisava se igualar ao poderio bélico dos Alemães. Precisando de Matéria Prima, a alternativa foi à aproximação de seus vizinhos, entre eles o Brasil.Os americanos propagavam a “política da boa vizinhança” no continente americano. E na época da 2ª Guerra seguiu-se como parte dessa Política de amizade, três conferências pan-americanas, um
conselho de defesa continental realizado no Panamá em 1939, Havana-Cuba em 1940 e no Rio de Janeiro – Brasil em 1942. Todos os países que sediaram estas reuniões durante à guerra têm alto valor estratégico geografico. O canal do Panamá dá acesso ao oceano Pacifico e a ilha de Cuba posicionada à frente das costas dos EUA e ainda, o Brasil que está a 5 horas de vôo de bombardeio de Dakar-Africa.Nesta época a industria cinematográfica chegava em seu auge e como parte deste projeto houve parceria cultural através do cinema, os cineasta Walt Disney e Orson Welles, vinham com constância para o Brasil e o Ministro brasileiro de relações de Exteriores, Osvaldo Aranha desempenhava magnificamente seu papel diplomático. Personagens como o Zé Carioca surgiram como parte desse projeto, o símbolo da FEB, a cobra fumando criada na Itália pelos brasileiros, ganhou uma versão desenhada por Disney. Produtos como a Coca-Cola, foram trazidos pelos americanos para o Brasil.Em 1942, como resultado da reciprocidade cultural entre nações americanas, uma musa brasileira ganhou destaque em Hollywood, Carmen Miranda que levava em sua bagagem a cultura brasileira para a casa do Tio Sam.
Abaixo um trecho relativo sobre um filme de Disney titulo original “Saludos amigos” (Alô amigos), direcionado para América Latina._ “Seguindo as diretrizes da Divisão de Informações, ligada diretamente ao Office of the Coordinator of Inter-American Affairs (OCIAA), uma viagem através da América do Sul feita por uma missão da Walt Disney resultaria, para além da pretensão de um melhor entendimento da arte, música, folclore e humor de nossos amigos americanos, no recolhimento de um rico material a ser usado em futuras produções cinematográficas. Eis que surge Alô amigos, uma mescla de documentário com animação onde os personagens da Disney Pictures, Pedro, Pateta, Donald e nosso recém-criado Zé Carioca se revezam numa difícil tarefa: conhecer os latino-americanos e encontrar uma identidade comum aos EUA. Porém na conjuntura em que isso se passa a Segunda Guerra Mundial e os anseios do Tio Sam para um bloco americano coeso, fora do raio de influência do Eixo, é dispensável o olhar atento do estudioso para no excesso de camaradagem logo estabelecida entre as duas aves (Pato Donald e Zé Carioca), enxergar o mal dissimulado interesse americano com relação ao Brasil em particular e a seus vizinhos do sul em geral.”
Trecho-fonte: Por: Élson Lima, Revista Eletrônica Boletim do TempoISSN 1981-3384. Ano 2, Nº10, Rio, 2007
O vídeo postado é uma pequena compilação de uma fita VHS doada por um colaborador, gravado em baixa qualidade de um documentário sobre a vida de Carmen exibido na TV Brasil. Também é possível ver o “Playboy” brasileiro Jorginho Guinle que fez parte desse projeto.

A Carmem Miranda era consciente de que era usada para estes fins,,vi isso numa exposição sobre sua obra,,no RJ..mas não me lembro ao certo como ela encarava isso,,,se não me engano levava a coisa na brincadeira, posso estar enganado..alguém sabe? Eu gostaria de saber como a Carmem encarava isso

“( ) Entre 1942 e 1953 atuou em 13 filmes em Hollywood e nos mais importantes programas de rádio, televisão, casas noturnas, cassinos e teatros norte-americanos.
A Política de Boa Vizinhança, implementada pelos Estados Unidos para buscar aliados na Segunda Guerra Mundial, incentivou a imigração de artistas latino-americanos. (…) Carmen Miranda sempre foi identificada como a artista de maior sucesso do projeto.(…)Mas todo esse sucesso tem um preço e Carmen sentiu no corpo o cansaço e o esgotamento que tantos compromissos acarretaram. Volta para o Brasil em dezembro de 1954. Fica reclusa no Copacabana Palace Hotel durante quatro meses.
Mas as suas obrigações com produtores americanos a obrigam a voltar para os estados Unidos. Durante um desses compromissos, teve um discreto desmaio. Poucos perceberam. Voltou para sua casa em Beverly Hills onde recebeu alguns amigos. A última pessoa que deixou a casa saiu às 3 e 30 da manhã. Foram as últimas pessoas a verem Carmen Miranda com vida. Foi encontrada morta logo depois. Era o dia 5 de agosto de 1955. Carmen morria aos 46 anos de idade.(…)Em 12 de agosto de 1955, seu corpo embalsamado desembarcou de um avião no Rio de Janeiro.
Sessenta mil pessoas compareceram ao seu velório realizado no saguão da Câmara Municipal da então capital federal.
O cortejo fúnebre até o Cemitério São João Batista foi acompanhado por cerca de meio milhão de pessoas que cantavam esporadicamente, em surdina, “Taí”, um de seus maiores sucessos.
No ano seguinte, o prefeito do Rio de Janeiro Francisco Negrão de Lima assinou um decreto criando o Museu Carmen Miranda, o qual somente foi inaugurado em 1976 no Aterro do Flamengo.
Uma mulher forte, determinada, Carmem Miranda ainda é hoje, a cantora brasileira que mais fez sucesso no exterior, uma portuguesa que se considerava brasileira.”
http://nuvemsobreoatlantico.blogspot.com/

"(....) Mas precisamos sempre relativizar porque foram muitas as vantagens que obtivemos desta troca de interesses. Sem muito esforço poderíamos citar por exemplo, as jóias da pesquisa etnomusicológica que nos legaram esta 'política da boa vizinhança'. Já se falou aqui neste Overmundo: Luiz Heitor Correa de Azevedo, nosso grande etnólogo realizou com apoio norte-americano um inestimável registro da música do Brasil mais profundo. No mesmo âmbito diplomático a época é também da viagem do maestro Leopold Stokowski (autor das trilhas sonoras para Walt Disney, pai do Zé Carioca) que, auxiliado por Villa Lobos e Ernesto dos Santos, o nosso Donga, fez exatamente em 1940, um antológico registro da obra de Pixinguinha, do mesmo Donga, de Cartola e outros, no navio-estúdio U.S. Uruguay, ancorado no porto do Rio (o disco é o 'Native Dance' da Colúmbia records e a história pode ser lida por inteiro em http://daniv.blogspot.com/ (...)"
FONTE: http://www.overmundo.com.br/overblog/mundao-veio-sem-porteira


Meu comentário:

Alguém pode pensar que estou difundindo a xenofobia ou terceiro-mundismo ou sentimento anti-americano, algo assim. Longe de mim!!!!

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